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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ALELOPÁTICO DE CANA-DE-AÇÚCAR

Teses

Autor: Neriane Hijano
Data: Abril de 2020
Palavras-chave: ácido graxo, ácidos hidroxâmicos, benzoxazinonas, bioensaio, exsudato radicular, Saccharum.

Resumo:

As cultivares de cana-de-açúcar plantadas atualmente são
resultado de melhoramentos genéticos que foram realizados visando o incremento na
produtividade, mas esta seleção resultou na redução do potencial competitivo da
espécie, que pode estar associada aos compostos alelopáticos presentes e/ou
liberados por cada cultivar. A família Poaceae está entre as famílias mais pesquisadas
em relação aos compostos alelopáticos, dentre eles os ácidos hidroxâmicos. A
alelopatia caracteriza-se pelo efeito de uma planta no crescimento e estabelecimento
de outra, por meio da produção e liberação de compostos químicos secundários para
o ambiente. Com isto, o objetivo foi avaliar a interferência entre plantas daninhas e
cana-de-açúcar e caracterizar o potencial alelopático de cana-de-açúcar, cultivares
CTC 2 e IAC 911099, pelo método de liberação por exsudação radicular; identificar
ácidos hidroxâmicos liberados por exsudação radicular; isolar frações e substâncias
ativas de cana-de-açúcar. Para avaliar a interferência entre cana-de-açúcar e plantas
daninhas foi utilizado o método de plantas em convivência, em caixas com e sem
interferência radicular, com as espécies Ipomoea hederifolia (corda-de-viola),
Urochloa decumbens (capim-braquiária) e Amaranthus viridis (caruru-de-mancha). A
avaliação de possível efeito fitotóxico de exsudato radicular ocorreu a partir da
avaliação de germinação e desenvolvimento das espécies Lactuca sativa (alface),
Solanum lycopersicum (tomate), I. hederifolia, U. decumbens e A. viridis plantadas em
areia que anteriormente continha mudas de cana-de-açúcar. Para a identificação dos
ácidos hidroxâmicos BOA, MBOA, DIBOA e DIMBOA a coleta de exsudatos
radiculares ocorreu a partir da brotação de cana-de-açúcar em bandeja de areia em
que esta foi lavada e filtrada para análise em CG-EM. Para isolar substâncias com
potencial alelopático, folhas e raízes de cana-de-açúcar foram liofilizadas e
preparadas para bioensaio. Os extratos mais ativos foram fracionados e as frações
foram analisadas por CG-EM-DIC. As frações bioativas foram analisadas para
identificar as substâncias existentes. Para o experimento da cana-de-açúcar em
convivência com plantas daninhas a cultivar 'CTC 2' pode ter algum efeito alelopático
sobre A. viridis, I. hederifolia e U. decumbens e a 'IAC 911099' sobre A. viridis e U.
decumbens. A partir dos resultados obtidos com a germinação de sementes em
substrato que continha cana-de-açúcar observa-se a liberação por exsudatos
radiculares de possíveis compostos alelopáticos, tendo a ‘IAC 911099’ efeito inibitório
sobre L. sativa e U. decumbens, e a ‘CTC 2’ apenas para L. sativa. Os exsudatos
radiculares das cultivares de cana-de-açúcar CTC 2 e IAC 911099, nas condições
testadas, não possuem quantidades detectáveis de BOA, MBOA, DIBOA e DIMBOA.
Para as folhas e raízes das cultivares CTC 2 e IAC 911099, o ácido alfa-linolênico e o
ácido linoleico foram identificados como bioativos e causaram inibições do
crescimento de L. sativa e Agrostis stolonifera e vazamento celular de Cucumis
sativus.