Autor: Neriane Hijano
Data: Julho de 2016
Palavras-chave: competição, densidade, períodos, rebrote, Rottboellia cochichinensis, Saccharum spp.
A interferência de plantas daninhas em cana-de-açúcar é um fator
determinante para a produtividade e qualidade da cultura, destacando dentre essas
o capim-camalote (Rottboellia cochichinensis), cuja importância vem crescendo
neste setor agrícola. Para o manejo dessas plantas visando minimizar a
interferência, o conhecimento dos períodos de interferência de plantas daninhas em
cana-de-açúcar possibilita o melhor posicionamento de herbicidas com ação
residual. O objetivo da realização deste trabalho foi determinar o período de
interferência do capim-camalote em cana-de-açúcar, a densidade crítica de capim-camalote capaz de interferir no desenvolvimento de mudas pré brotadas (MPB) de
cana-de-açúcar e após o corte da cana o efeito no rebrote destas mudas e a
seletividade do indaziflam e indaziflam + metribuzin em MPB de cana-de-açúcar.
Para determinação dos períodos de interferência do capim-camalote em cana-de-açúcar o experimento foi realizado em área comercial, com a cultivar CTC14
plantada em janeiro. Os períodos de convivência ou de controle foram 0-23, 0-37, 0-
44, 0-58, 0-72, 0-92, 0-122, 0-240, 0-300, 0-450 dias após o plantio (DAP).
Considerando uma tolerância de redução de 5% na produtividade da cana-de-açúcar
com interferência predominante de capim-camalote, o período anterior à
interferência encontrado foi de 54 dias e o período total de prevenção a interferência
foi de 130 dias após o plantio. Houve redução de 26,4% na produtividade quando
comparada ausência total de plantas daninhas a presença dessas durante todo o
ciclo; o valor do açúcar total recuperável (ATR) diminuiu com o aumento do período
de convivência com as plantas daninhas. Para determinação das densidades de R.
cochichinensis que interferem no desenvolvimento de mudas pré-brotadas (MPB) de
cana-de-açúcar e o efeito das densidades no rebrote das soqueiras, o delineamento
utilizado foi em blocos casualizados, com quatro repetições, sendo as populações de
capim-camalote de 1; 2; 4; 8 e 16 plantas vaso-1 para ‘RB855156’ e 1; 2; 8 e 16 plantas vaso-1
para ‘CTC14’, mais a cana-de-açúcar na ausência do capim-camalote.
Para o capim-camalote, os tratamentos foram compostos pelas densidades, na
ausência e na presença da cultura. Aos 25, 55, 85 e 120 dias após o plantio (DAP)
das mudas foram avaliados, no colmo principal, a altura, diâmetro, número de folhas
e de perfilhos. Aos 120 DAP foram avaliados também o número de folhas totais,
área foliar e a massa seca. As plantas foram cortadas rente ao solo e as soqueiras
da cana-de-açúcar foram mantidas por mais 90 dias isentas do capim-camalote para
avaliação do rebrote. O aumento da população de capim-camalote não interferiu nas
características avaliadas do colmo principal, mas desencadeou menor número de
perfilhos, de folhas totais, menor área foliar e massa seca de perfilhos. Para a
‘RB855156’ não houve recuperação da soqueira até 90 dias após o corte. A planta
daninha apresentou competição intraespecífica nas maiores densidades testadas. O
experimento de seletividade foi realizado em quatro partes, utilizando a combinação
de duas cultivares de cana-de-açúcar (RB966928 e CTC14), as cultivares de cana-de-açúcar foram plantadas pela técnica MPB, e dois herbicidas (indaziflam e
indaziflam + metribuzin). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado,
com quatro repetições, em esquema fatorial 2 x 4, sendo duas técnicas de aplicação
(pré e pós-plantio) e quatro doses do herbicida. Aos 10, 25, 40, 55 e 70 dias após a
aplicação (DAA) foram avaliados visualmente os sintomas de fitotoxicidade e foi
caracterizado o colmo principal da cana quanto à altura, o diâmetro, o número de
folhas e o número de perfilhos da planta de cana-de-açúcar. Aos 70 DAA, além das
características supracitadas, foram avaliados o número de folhas totais, área foliar
do colmo principal e dos secundários, massa seca da parte aérea e das raízes. O
herbicida indaziflam foi seletivo na aplicação em pós-plantio na menor dose testada
para a cultivar RB966928, assim como o indaziflam + metribuzin, que foi seletivo
para aplicação em pós-plantio nas doses até 75+960 g i.a. ha-1 para RB966928,
sendo que a aplicação em pré-plantio dos dois herbicidas causou a morte das
mudas das duas cultivares de cana-de-açúcar.