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ASPECTOS NUTRICIONAIS E EFEITOS DA CONCENTRAÇÃO DE DIÓXIDO DE CARBONO EM BIÓTIPOS DE CAPIM-AMARGOSO

Teses

Autor: Anne Elise Cesarin
Data: Julho de 2018
Palavras-chave: glyphosate, mudanças climáticas, nutrição mineral, planta daninha, resistência.

Resumo:

O capim-amargoso (Digitaria insularis) é uma planta daninha com
elevado potencial de invasiva pela formação de rizomas e touceiras, elevada produção
de sementes e florescimento durante todo o ano, características que as tornam
competitivas pelos recursos do meio e dificultam naturalmente o seu controle.
Somando-se ao fato de que novos casos de populações de capim-amargoso
resistentes ao herbicida glyphosate estão sendo relatados em novas áreas, o controle
dessa espécie se torna ainda mais dificultoso e custoso. Estudar as diferenças
nutricionais entre indivíduos com variações genéticas é importante para compreender
adaptabilidade e o potencial de sucesso evolutivo desses genótipos no ambiente.
Outro aspecto preocupante é que o clima poderá mudar nos próximos cem anos, e a
concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera dobrar. Diante disso, será
que a biologia, o crescimento e o controle de espécies daninhas resistentes aos
herbicidas poderão ser alterados? Dessa forma, o trabalho foi conduzido com o
objetivo de avaliar diferenças entre plantas de capim-amargoso resistente e suscetível
ao glyphosate, com intuito de: (1) determinar a ocorrência de plantas resistentes e
suscetíveis ao herbicida glyphosate em populações de capim-amargoso, por meio de
curvas de dose resposta; (2) determinar o acúmulo e a distribuição de massa seca e
macronutrientes; (3) a cinética de absorção de nitrogênio e fósforo e (4) as respostas
dos biótipos em duas condições de concentração de CO2 atmosférico. Pelos
resultados obtidos, a dose de glyphosate necessária para controlar 50?s plantas
(C50) e da biomassa (GR50) da população com suspeita de resistência foi,
respectivamente, quatro e três vezes mais elevada que necessária para a população
suscetível. O acumulo de massa seca (g) e de macronutrientes (mg) para o biótipo
resistente manteve-se maior comparando-o em um mesmo período de tempo que o
suscetível. Na cinética de absorção de nutrientes, pelos parâmetros morfológicos, o
perfilhamento e o acúmulo de massa seca total foram mais elevados nos biótipos
suscetíveis. A velocidade máxima de absorção (Vmax) e a constante de Michaelis-Menten (Km) para o nutriente N diferiu entre os biótipos, indicando maior eficiência de
absorção do nutriente pelo biótipo resistente. Pelos resultados obtidos, nas duas
concentrações de CO2 estudadas, o crescimento do biótipo resistente foi mais elevado
em relação ao suscetível. A resposta do controle após aplicação de glyphosate evolui
de maneira mais rápida quando as plantas do biótipo suscetível cresceram em 800
ppm. A fotossíntese, a eficiência no uso da água e a atividade das enzimas APX e
SOD foram mais elevadas quando os biótipos cresceram em 800 ppm, contudo, o
acréscimo de CO2 no ambiente (800 ppm) incrementou significativamente a eficiência
do uso da agua e o sistema antioxidante das plantas resistentes ao glyphosate.