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INFESTAÇÃO DE PLANTAS DANINHAS EM CANAVIAIS: EFEITO DO AMBIENTE DE PRODUÇÃO E DO SISTEMA DE COLHEITA, POTENCIAL ALELOPÁTICO DE CULTIVARES E DA BENZOXAZOLINONA

Teses

Autor: Micheli Satomi Yamauti
Data: Março de 2014
Palavras-chave: análise multivariada, fitossociologia, alelopatia, BOA.

Resumo:

As alterações devido a manutenção de palha de cana-de-açúcar sobre o
solo podem afetar a composição específica das plantas daninhas. A palha pode,
além de outras consequências, proporcionar efeitos alelopáticos sobre a cultura e as
plantas daninhas. O objetivo desta pesquisa foi estudar o efeito da palha sobre a
composição da comunidade infestante bem como analisar o efeito dos ácidos
hidroxâmicos presentes nas folhas da cultura sobre a germinação e
desenvolvimento de plantas daninhas. No primeiro estudo foram realizados
levantamentos da comunidade de plantas daninhas para obtenção da cobertura
específica, utilizando-se os dados 241 talhões de cana-de-açúcar da região de
Ribeirão Preto. Foi realizada a organização das comunidades de plantas daninhas
em agrupamentos padrões utilizando a porcentagem de cobertura específica,
relacionando-os com as características do ambiente em que a cana estava
implantada. Nas áreas com a presença da palha houve uma menor ocorrência de
plantas daninhas se comparada as com ausência de palha, a distribuição
desuniforme facilitou a ocorrência de Digitaria spp. A longevidade dos canaviais
afetou as comunidades infestantes, porém espécies como C. rotundus e cordas-de-viola tiveram alta infestação em todos os cortes nas áreas de cana crua. Os
ambientes de produção tiveram maior diversidade de espécies nos ambientes C e D.
A comunidade infestante sofreu efeito da palha e sua distribuição, da idade de corte
e dos ambientes de produção. Em um segundo ensaio foram realizadas
amostragens em 20 talhões comerciais. Em cada talhão foram feitas amostragens
de plantas emergidas como a ocorrência, densidade específica e massa seca da
parte aérea. Com os dados obtidos foram calculados os índices fitossociológicos,
que permitiram observar que nas áreas com cana crua ocorreu menor diversidade
de espécies, até o segundo corte a flora infestante de ambos os sistemas de colheita
foram similares. No terceiro estudo, foi realizado um conjunto de ensaios para
avaliar o possível efeito alelopático ou fitotóxico da cana-de-açúcar, no primeiro
bioensaio foram testados os extratos aquosos brutos de folhas verdes de dez
cultivares: IAC911099, IACSP955094, IAC873396, CTC2, CTC15, CTC9,
RB855156, RB867515, RB855453 e FIJI19. Foram avaliadas a porcentagem de
germinação, primeira contagem, tempo médio de germinação, velocidade de
germinação, índice de velocidade de germinação, frequência relativa de emergência,
massa seca e comprimento da parte aérea, raiz e total de alface. No segundo
bioensaio foram avaliados qualitativamente os extratos hidroalcoólicos de 35
cultivares de cana de açúcar. No terceiro bioensaio foram avaliados os extratos das
cultivares CTC 2 e RB855453 qualitativamente sobre a germinação de Lactuca
sativa e Agrostis stolonifera e sobre o crescimento de fungos. Conclui-se que nas
condições em que foram realizados estes bioensaios, o extrato bruto aquoso da
cultivar CTC 2 foi a de maior potencial. Não foi possível identificar uma cultivar de
maior potencial alelopático utilizando extração com solvente hidroalcoólico. As
cultivares CTC 2 e RB855453 apresentam potencial alelopático antifúngico,
indicando que estudos posteriores devem ser realizados para identificação dos
compostos responsáveis pelos resultados. Foi realizado um estudo sobre o efeito
alelopáticos de extratos do ácido hidroxâmico BOA sobre aspectos germinativos e
crescimento inicial das plantas daninhas: Amaranthus viridis, Ipomoea hederifolia,
Ipomoea purpurea, Ipomoea nil, Senna obtusifolia, Digitaria nuda, Panicum
maximum, Brachiaria decumbens, Brachiaria plantaginea e Rottboelia
conchichinensis e das espécies alvo teste Lactuca sativa e Allium cepa. Foram
testadas oito concentrações de BOA (0,2; 0,4; 0,6; 0,8; 1,0; 1,2; 2,4 e 3,6 mM), além
do controle. Foram avaliadas a porcentagem de germinação, primeira contagem,
tempo médio de germinação, velocidade de germinação, índice de velocidade de
germinação, frequência relativa de emergência, massa seca e comprimento da parte
aérea, raiz e total. Os extratos afetaram todas as espécies estudadas alterando pelo
menos uma característica avaliada, atuando com maior ou menor intensidade
dependendo da espécie, sendo maiores os efeitos com o aumento da concentração.
Os resultados indicam a existência de potencial alelopático do ácido hidroxâmico
estudado sobre as plantas testadas.