Produção Científica // Teses

POTENCIAL ALELOPÁTICO DE Cosmos sulphureus CAV.

Teses

Autor: Bruna Pires da Silva
Data: Abril de 2017
Palavras-chave: Bidens sulphurea, alelopatia, costunolido, reinosina, santamarina, herbicidas naturais.

Resumo:

Cosmos sulphureus Cav. é uma espécie que foi introduzida no
Brasil como ornamental e hoje se comporta como uma planta daninha, apresentando
elevado poder invasivo no ambiente, devido ao seu potencial alelopático, suprimindo
inclusive o crescimento de outras plantas daninhas. Essa característica da planta a
torna uma potencial candidata para obtenção de herbicidas naturais, os
aleloquímicos, que uma vez isolados e caracterizados poderão ser utilizados
diretamente como tal ou então para a semi-síntese de novos compostos. Em vista
disso, objetivou-se avaliar e caracterizar o potencial alelopático de C. sulphureus e,
também, extrair, fracionar e isolar os aleloquímicos promotores do efeito alelopático.
Caracterizou-se o potencial alelopático de C. sulphureus pelo método de liberação
por decomposição e por exsudação radicular (planta “in vivo”). A decomposição de
plantas de C. sulphureus resultou em efeito alelopático inibitório sobre Lactuca
sativa, Amaranthus viridis e Panicum maximum, principalmente na incorporação da
maior quantidade de material vegetal.Exsudatos radiculares de C. sulphureus
resultaram em efeito alelopático inibitório sobre A. viridis e P. maximum. Dentre os
dois modos de liberação de aleloquímicos por C. sulphureus estudados, a
exsudação radicular foi o mais ativo (planta “in vivo”). Também foi realizada a
extração de folhas de C. sulphureus com água e solventes orgânicos e verificou-se a
cito/fitotoxicidade dos extratos. Os extratos mais ativos foram fracionados utilizando-se de técnicas de cromatografia e as frações obtidas foram testadas por meio de
bioensaios (isolamento biodirigido). As frações bioativas foram analisadas para
identificação das substâncias presentes por meio de HPLC-UV-MS e ressonância
magnética nuclear. O extrato diclorometânico de folhas e o acetônico de raízes
proporcionaram inibição significativa no alongamento de coleóptilos de trigo, e o
primeiro apresentou-se mais fitotóxico às espécies receptoras (Allium cepa, L. sativa,
Lepidium sativum, Lycopersicum esculentum, A. viridis, Echinochloa crus-galli,
Panicum maximum e Urochloa decumbens). Foram isolados quinze compostos das
folhas e cinco de raízes. Todos os compostos isolados das raízes, com exceção ao
estigmasterol são fenilpropanóides, e foram isolados pela primeira vez na espécie C.
sulphureus. Os compostos álcool 1’,2’-epoxi-3’,4-di-O-isobutiril-Z-coniferil e álcool
1',2'-dihidroxi-3',4-di-O-isobutirilconiferil, isolados das raízes, descrevem-se pela
primeira vez na literatura. Os compostos majoritários isolados das folhas são
lactonas sesquiterpênicas: costunolido, reinosina e santamarina. Os três compostos
se descrevem pela primeira vez na planta C. sulphureus, com exceção do
costunolido que já foi isolado anteriormente nesta planta. Santamarina e costunolido
foram os mais ativos, seguidos por reinosina. Amaranthus viridis e P. maximum
foram as espécies mais sensíveis à ação das lactonas. As lactonas sesquiterpênicas
isoladas das folhas são uma fonte potencial para modelos de novos tipos estruturais
de herbicidas.